sábado, 21 de novembro de 2009

Hipertensão arterial em crianças e adolescentes

Estima-se que cerca de 3 a 5% das crianças e adolescentes , sejam portadores de hipertensão arterial . Em crianças e adolescentes , causas secundárias de hipertensão arterial são comuns , sendo as doenças renais as mais comuns . A hipertensão arterial primária , sem causa definida , também ocorre por influência genética . Quanto mais nova a criança e, mais grave , o nível da pressão arterial , maior é a chance da hipertensão arterial ser secundária , ou seja , ter uma causa definida.
Diagnóstico:
- A medida da pressão arterial deve ser avaliada em toda consulta médica a partir dos 3 anos de idade e, nas crianças abaixo dessa idade, quando houver antecedentes ou condições clínicas de risco para hipertensão arterial , tais como prematuridade e doença renal. O valor normal da pressão arterial em crianças e adolescentes , baseia-se em percentis , que levam em conta a estatura e o sexo da criança e adolescente. Logo , não existe um limite único de normalidade da pressão arterial na faixa etária das crianças e adolescentes , como por exemplo , valores abaixo de 120/80 mmHg em adultos , os quais são considerados ótimos.
- Existem tabelas com os valores da pressão arterial referentes aos percentis 90 , 95 e 99 de pressão arterial para crianças e adolescentes, de acordo com os percentis de estatura para ambos os sexos. Consideram-se os valores abaixo do percentil 90 como pressão arterial normal , desde que inferiores a 120/80 mmHg ; entre os percentis 90 e 95 , como limítrofes ( também chamados de “pré-hipertensão”, de acordo com o The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents), e igual ou superior ao percentil 95, como hipertensão arterial, salientando-se que qualquer valor igual ou superior a 120/80 mmHg em adolescentes , mesmo que inferior ao percentil 95, deve ser considerado limítrofe . Por exemplo, um menino com 6 anos de idade, medindo 110 cm ( percentil 10 ) e apresentando pressão arterial de 100/60 mmHg , seria considerado normotenso. Já um menino de mesma idade e altura, mas com pressão arterial de 108/70 mmHg, seria considerado limítrofe. Se esta segunda criança, em vez de 110 cm, tivesse estatura de 119 cm (percentil 75), a pressão arterial de 115/75 mmHg o faria ser considerado hipertenso. Por outro lado, um menino com 14 anos de idade, medindo 158 cm (percentil 25) e com pressão arterial de 110/70 mmHg, seria considerado normotenso. Já outro menino de mesma idade e mesma altura, mas com pressão arterial de 122/70 mmHg, seria considerado limítrofe. Se esta segunda criança, em vez de 158 cm, tivesse estatura de 170 cm (percentil 75), a pressão arterial de 130/83 mmHg o faria ser considerado hipertenso. Quanto mais altos forem os valores da pressão arterial e mais jovem o paciente, maior é a possibilidade da hipertensão arterial ser secundária a uma doença , principalmente as doenças renais.
Classificação da pressão arterial entre crianças e adolescentes:
- Normal: pressão arterial menor que o percentil 90. Conduta médica: reavaliar na próxima consulta médica agendada.
- Limítrofe: pressão arterial entre os percentis 90 a 95 ou se a pressão arterial exceder 120/80 mmHg sempre menor que o percentil 90 até menor que o percentil 95. Conduta: reavaliar em 6 meses.
- Hipertensão estágio 1 : pressão arterial entre o percentil 95 a 99 mais 5 mmHg . Conduta : no paciente assintomático, reavaliar em 1 a 2 semanas, se hipertensão arterial confirmada encaminhar para avaliação diagnóstica .O paciente sintomático deverá ser encaminhado para avaliação diagnóstica.
- Hipertensão estágio 2 : pressão arterial maior que o percentil 99 , mais 5 mmHg .Conduta : encaminhar para avaliação diagnóstica
- Hipertensão do avental branco : pressão arterial maior que o percentil 95 em ambulatório ou no consultório e pressão arterial normal em ambientes não relacionados à prática médica.
Tratamento:
A ingestão de álcool, o tabagismo, o uso de drogas ilícitas e a utilização de hormônios esteróides, hormônio do crescimento, anabolizantes e anticoncepcionais orais devem ser considerados possíveis causas de hipertensão em adolescente. O objetivo do tratamento é atingir valores de pressão arterial sistólica e diastólica abaixo do percentil 95 para sexo, altura e faixa etária na hipertensão arterial não-complicada, e abaixo do percentil 90 na hipertensão complicada por outras doenças. O tratamento não-medicamentoso deve ser recomendado a partir do percentil 90 de pressão arterial sistólica ou diastólica (hipertensão limítrofe). O emprego de medicamentos antihipertensivos , deve ser considerado nos que não respondem ao tratamento não-medicamentoso, naqueles com evidência de lesão em órgãos-alvo ou fatores de risco conhecidos, como diabete melito , tabagismo e as dislipidemias, e na hipertensão sintomática ou hipertensão secundária. Não há estudos a longo prazo sobre o uso de medicamentos antihipertensivos na infância ou na adolescência. A escolha dos medicamentos obedece aos critérios utilizados para adultos. A utilização de inibidores da enzima de conversão da angiotensina ( exemplos: captopril e enalapril ) ou de bloqueadores do receptor AT1 ( exemplos: losartan e valsartan ) , deve ser evitada em adolescentes do sexo feminino, exceto quando houver indicação absoluta, em razão da possibilidade de gravidez e má-formações congênitas.
Fonte: VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial ( 2006 ).

Um comentário:

  1. Olá blogueiro!
    O número de pessoas com hipertensão no Brasil aumentou de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009. A hipertensão é uma doença silenciosa e ataca todas as faixas etárias. Por isso, junte-se à campanha de combate e controle da hipertensão do Ministério da Saúde. Você pode ajudar na conscientização da população por meio do material de campanha que disponibilizamos para download.
    Caso se interesse, entre em contato com comunicacao@saude.gov.br
    Obrigado!
    Ministério da Saúde

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